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Estimulando a memória

Que tal convidar as crianças para um jogo de memória?

Adultos e idosos também podem entrar na brincadeira! De maneira divertida e criativa, o mercado oferece diversos jogos,

dos clássicos aos eletrônicos, que estimulam nossa capacidade de guardar informações e podem entrar nos momentos de lazer da sua casa.

Eles também podem ser usados como recurso de avaliação da memória por profissionais que trabalham com reabilitação e estimulação neuropsicológica.

Na especialização sobre Neuropsicologia do Instituto Suassuna, a professora Larissa Machado Bufáiçal fala sobre memória, patologias e os instrumentos avaliativos.

Com experiência e um estudo profundo na área, ela traz diversos testes especializados e aspectos a serem considerados ao lidar com pacientes de

diferentes faixas etárias e condições particulares, sempre com muita sensibilidade e respeito a tantas histórias de vida diferentes.

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Você se lembra do que você brincava quando era criança?

É possível que muitos brinquedos ou brincadeiras estão presentes em sua memória e quando você observa uma criança brincar um mundo de lembranças se descortina à sua frente! A Infância é um mundo fascinante, que nos traz à tona muitas situações do brincar! Brinquedos que você tanto queria, a frustração de ver um brinquedo quebrar, a satisfação ao ganhar um jogo entre amigos, a facilidade de socializar! Brincadeiras de bola, amarelinha, bonecas e bonecos, carrinhos, corda e todo material que pudesse servir de brinquedo!

Pois é! O brincar para a criança tem uma bela função! Brincar é expressão de prazer; é criatividade, espontaneidade, explorar o mundo; é fazer de conta, viver a realidade; é sonhar, imaginar, construir, treinar, ensaiar papéis; é encontro, reencontro, com… o outro.

Ao brincar a criança exercita sua imaginação, sua criatividade, pode resolver acontecimentos inacabados do seu dia a dia, começa a construir sua personalidade e experimenta ensaios da vida adulta. Crianças ensaiam profissões, imaginam-se adultos e com isso atualizam seu potencial. Por meio de jogos exercita seu raciocínio, experimenta ganhar e perder pode sentir prazer e se frustrar, enfim, aprende a conviver socialmente. A inteligência pode ser estimulada com jogos de memória, palavras cruzadas e quebra-cabeças.

Os games atualmente exercem um poderoso papel no universo infanto-juvenil e na medida certa, com equilíbrio auxiliam as funções cognitivo-emocionais-sociais.

Tão importante é o brincar que existe um tratamento para lidar com as emoções da criança, chamado de Ludoterapia. A Ludoterapia trata da criança através dos brinquedos, já que estes são o meio natural de expressão do cotidiano, das emoções e dos conflitos que a criança vivencia. Melanie Klein explorou o mundo interno da criança através da caixa lúdica. Com suas interpretações chegava ao inconsciente da criança e analisava seus conflitos, neuroses e psicoses. Winnicott também explorou o universo infantil através dos brinquedos. Através do brincar a criança nos mostra suas dificuldades e possibilidades. Virgínia Axline propôs uma forma de trabalho baseada nos conceitos de Rogers e Violet Oaklander nos traz um trabalho muito criativo fundamentando-se na Gestalt-terapia.

Durante as sessões de Ludoterapia a criança pode mostrar as fantasias, interesses e apreensões projetados nos brinquedos e nas brincadeiras bem como sua relação familiar. Para isso temos um excelente recurso, que é a família terapêutica (uma família de bonecos de pano, com expressões neutras). É possível correlacionar as brincadeiras com a origem da situação problema que a criança apresenta. Criança brinca com seu mundo! O mundo que conhece, o mundo que vivencia em seu dia a dia. A Ludoterapia também é eficaz no tratamento terapêutico de crianças que sofreram traumas, como abusos ou acidentes ou morte de um familiar. Possibilita a expressão de sentimentos profundos e a lembrança da vivência sobre um fato angustiante até que estejam prontas para falar.  Ao sentir-se terapeuticamente cuidada, a criança entrará em contato com suas potencialidades e também com suas dificuldades, tendo a possibilidade de satisfazer suas necessidades e dessa forma alterar sua autoimagem.

Um dos recursos da Ludoterapia é a caixa lúdica, que contém brinquedos como carrinhos, aviõezinhos mobília, telefone, bonecos, massinha, jogos de habilidades, jogos de ganhar e perder, a família terapêutica e materiais plásticos como lápis de cor, tintas e outros materiais que permitam a projeção de sentimentos e conflitos. Outro fator importante na Ludoterapia é o próprio terapeuta, que ao sentir empatia e compaixão é capaz de “entrar no mundo da criança” para compreendê-la em sua totalidade.

As crianças em geral mostram muita facilidade em mergulhar nas situações do brincar e, portanto, a comunicação entre cliente e terapeuta é favorecida com o clima lúdico das sessões. Se o terapeuta participar das dramatizações e jogos propostos pela criança ou por ele próprio, poderá compreender a maneira como a criança expressa sua existência, facilitando assim o exercitar de seu ajustamento criativo.  Brincando, a criança entra em contato com suas dores, seus temores, sua raiva, sua emoção, seu carinho, seu amor; é um laboratório de suas vidas. Atender crianças é uma experiência fascinante! Acompanhá-las em seu processo de crescimento exige da terapeuta uma constante atualização da própria criança interna, disponibilidade para aceitá-la e, sobretudo… brincar.

Rosana Zanella – Psicóloga Gestalt-terapeuta
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Foto: @brincarcomoantigamente